O prejuízo de quase 52 milhões de euros acumulado pelo FC Porto no 1.º semestre da época – conforme comunicado divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) – obriga a SAD a rever os valores das mais-valias geradas com a venda de jogadores, necessárias para cumprir com o fair play financeiro da UEFA. E essas transferências não só terão de estar obrigatoriamente concluídas até 30 de junho, como precisam de resultar num encaixe líquido de 100 milhões de euros.
Em outubro, dias após o anúncio de que as contas de 2018/2019 tinham fechado com lucro de €9,463M, e já prevendo a quebra acentuada das receitas provenientes da participação nas provas europeias, consequência da despromoção à Liga Europa, os dragões apontaram à obtenção de €77,97M em mais-valias com vendas de futebolistas – isto é, já excluídos gastos com impostos e intermediações.
O que, na ocasião, os portistas certamente não previam era que o exercício financeiro referente aos primeiros seis meses de 2019/2020 resvalasse para valores tão próximos dos €58,4 M negativos vislumbrados em 2015/2016 e que, na ocasião, convocaram a atenção da UEFA, pois esses números confirmavam a violação do fair play, mecanismo criado para que os clubes não ousem gastar mais do que o que ganham.
Sob alçada desse programa desde 2017, as contas do FC Porto irão continuar a ser monitorizadas pelo Comité de Controlo Financeiro dos Clubes da UEFA até 2020/2021. E para não falhar com as metas impostas pelo fair play a SAD liderada por Pinto da Costa tem todo o interesse em encerrar a presente temporada com um resultado positivo, mesmo que o lucro não supere os 150 mil euros projetados num orçamento dado a conhecer a 14 de novembro e aprovado pela maioria dos acionistas presentes nesse plenário.
Só que, inclusivamente, para atingir lucros tão residuais os dragões irão precisar de faturar 100 milhões de euros – ou ligeiramente mais – em mais-valias. Por isso, a venda de jogadores como Alex Telles, Danilo, Marega ou Soares, no verão, será uma inevitabilidade. A não ser que a SAD considere mais promissores eventuais negócios que envolvam os jovens craques Fábio Silva e Vítor Ferreira, ambos já com cotação bem elevada. Seja qual for a opção, ficou expresso no relatório e contas anteontem apresentado que, para «alcançar o limiar de mais-valias pela venda de passes de jogadores» que permita «o cumprimento do objetivo a que se propôs no Settlement Agreement acordado com a UEFA», o FC Porto «dispõe no plantel de atletas suficientes para alcançar tal propósito».
Fonte: A Bola